Apenas mais uma noite animada em Londres. Quem diria que em
uma casinha modesta que havia em uma movimentada rua estaria para acontecer uma
verdadeira tragédia?
Jessica se encontrava mais uma vez em sua janela, com
lagrimas nos olhos e com o coração apertado. Era muita coisa pra uma menina de
17 anos. Muito pra alguém agüenta sozinho. Ela estava sozinha. A dor afogava
seu coração, afogava seus sonhos e afogava também a sua vontade de viver.
Ela se levantou, foi ate um porta-retrato que havia em seu
quarto. Lá se via uma família
aparentemente feliz. Jessica abraçando seu irmão e os pais rindo da careta que
o pequeno fazia. Ninguém nunca poderia imaginar que aquilo iria acabar. Como
tudo aquilo poderia ter acabado em um piscar de olhos? Jessica também não
sabia. Só sabia que toda aquela dor não iria durar muito. Naquele momento era a
única certeza que ela tinha.
Beijou a foto e uma lagrima caiu em cima do mesmo. Colocou o
porta retrato no lugar. Verificou mais uma vez se realmente estava sozinha em
casa, não queria ninguém para impedi-la. Foi ate os espelho, enxugou as
lagrimas, desboroou a maquiagem. Era uma menina dura, não queria que ninguém
soubesse que ela havia chorado antes de fazer aquilo. Foi ate a janela
novamente, a abriu. Olhou mais uma vez para o porta retrato e uma lagrima
solitária desceu por sua face.
Ela subiu em cima da janela, se segurando bem para não cair
antes do tempo. Olhou bem para baixo, olhou novamente para o porta retrato e
teve certeza do que iria fazer.
Matheus, melhor amigo de Jessica. Muitos acreditavam que
aquilo era muito mais que uma amizade, não era possível um menino e uma menina
ficarem tanto tempo juntos e não rolasse nada entre eles. Mais, para a tristeza
de Matheus, nunca havia rolado nada. Para Jessica ele era só um amigo. Mais
Matheus a enxergava não como uma amiga, mais como a mulher com quem ele queria
ficar para sempre com ele. Um amor que durou da infância ate aqueles dias, não
seria um amor qualquer ou mentiroso, mais um amor verdadeiro e que
possivelmente aguentaria tudo... ou quase tudo.
Matheus estava próximo da casa de Jessica quando seu celular
tocou.
- Alô?! – ele atendeu o celular.
- Ela esta em perigo! Ela esta se colocando em perigo, a
salve antes que seja tarde demais – um voz doce e calma falou do outro lado da
linha.
- Quem ta falando? – Matheus falou nervoso e com
curiosidade.
- A salve de si mesma – a voz continuou. – Ela precisa de
você, rápido.
Matheus não pensou duas vezes, logo soube que se tratava de
Jessica. Aqueles últimos meses haviam sido muito duro pra ela. Mais sua
incapacidade de pedir ajuda, deixavam Matheus de mãos atadas.
Naquele momento Matheus esqueceu sua curiosidade e correu,
correu o mais rápido que pode ate a casa de Jessica. Ele sabia que ela seria
capaz de fazer qualquer coisa no estado em que se encontrava. Ele tinha que
salva-la dela mesma.
Matheus entrou na rua da garota, ele corria o mais rápido
que conseguia. Logo avistou a casa, quando olhou para a janela e viu ela lá na
janela com a ponta dos pés e lagrimas nos olhos, seu coração apertou, ele suou
frio. Lá estava ela, sem ninguém para protegê-la, ninguém para segura-la. A
única coisa que ele conseguiu pensar foi como seria a vida dele sem ela? Como
seria a sua vida sem o amor de sua vida?
Naquele momento Matheus correu o mais rápido que conseguira
correr em toda a sua vida. Chegou ate a porta da casa, nem bateu. Sabia que ela
não faria aquilo com alguém em casa. Certificou-se de que a porta estava
aberta. Entrou na casa e correu o mais rápido que conseguiu e foi ate o quarto
da garota, a porta já estava entreaberta.
Ele entrou no quarto sem fazer barulho, não queria que ela o
escutasse. Se aproximou devagar. Jessica ainda chorava em pé na janela. Ela
criava coragem para cometer a maior, e quem sabe ultima, burrada de sua vida.
Matheus a puxou pelo braço, fazendo com que ela caísse por
cima dele e os dois caíssem no chão. Jessica aumentou o choro, como uma criança
que precisava de alento. Matheus apenas a abraçou, a abraçou mais forte que
pode. Tudo que ele queria naquele momento era tirar toda a dor dela, e pega
para si mesmo. Ele queria a ver sorrindo novamente, queria escutar aquela
gargalhada que só ela dava, ele queria sua Jessica feliz novamente, mais para
isso ele tinha que consolar aquela menina frágil que ela havia se tornado.
- Por que, por que você me tirou de lá, eu tava quase com
coragem – Jessica falava aos prantos ainda abraçada a Matheus.
- Eu não vou deixar você fazer
besteira. Eu falei que ia ta com você, falei que ia te proteger de tudo. Eu só
to cumprido a minha promessa – Matheus falou ainda a abraçando, segurando as
lagrimas, não queria chorar ali, não na frente dela.
- Eu só quero acabar com essa dor,
eu não sou forte o bastante pra agüentar ela – Jessica falou separando o
abraço, se sentando no chão e abraçando suas pernas.
- Mais pra sua dor sumir, a minha
tem que acabar comigo? – Matheus perguntou sentado do lado dela, a olhando com
o olhar mais e doce que poderia existir.
- Eu só ia te fazer um favor,
deixar de te encher. Fora que você ia pode pegar as meninas, sem elas chegarem
e perguntarem se a gente não tem nada – ela falou virando um pouco a cabeça
para olhá-lo.
- Mais eu não quero nenhuma
menininha, eu quero você, Jessica.
- Não, você não quer.
- Se eu não quisesse eu ia ta
aqui?
- Não sei, a única coisa que eu
sei é que você vai me deixar como tudo mundo sempre deixa.
- Você ta magoada, triste. O que
eu disser agora pode parecer mentira, mais eu te amo.
- Matt, não ta ajudando – Jessica
falou olhando para Matheus com uma expressão triste.
- Você precisa desabafar. Quer
conversa?
Ela apenas acentiu com a cabeça,
ele se encostou as costas na parede e ela deitou no colo dele.
- No começo tudo parecia tão perfeito.
Meus pais se davam bem, tinha meu irmãozinho pra me encher, tinha você pra
conversa, minha vida era a melhor do mundo. Eu não tinha reclamações, tirava
notas boas. Mais ai, por causa de um descuido, um pequeno descuido tudo
desabou. A gente tinha ido passar o dia na piscina, era o primeiro dia de
férias, a gente ia viajar pra Disney por que o Lucas (irmão de Jessica)
tinha escolhido. Iam ser uma das nossas melhores viajem, papai tinha ganhado
uma promoção e mamãe tava pensando em voltar a trabalhar e faltava 3 dias pro
Lucas fazer 9 anos. A gente tava na piscina, tava tudo numa boa, quando papai
recebeu uma ligação da escola, falando que eu junto com um grupo de meninas
tínhamos levado bebidas pra escola e que a gente tava tentando fazer os outros alunos
fazerem o mesmo. Mais eu não tinha feito nada, eu só tava andando com as
garotas e todo mundo pensou que eu fazia parte de tudo aquilo. Meu pai começou
a brigar comigo e minha mãe tentou escutar a minha versão. Enquanto tudo isso
acontecia o Lucas resolveu ir nadar. Ele detestava quando nós três brigávamos.
Ele pulou. – Jessica fez uma pausa e enxugou as lagrimas , toda aquela história
era dura demais pra ela. – Só lembro que ouvi alguém gritando “o menino ta se
afogando”, eu e meus pais começamos a procurar o Lucas e quando vimos lá tava
ele – ela respirou fundo e continuou. – Se afogando, sem ninguém pra ajudá-lo. Eu
fui lá, eu nadei o mais rápido que pude, mais já era tarde de mais. Depois que
meu irmão morreu tudo piorou. Meus pais começaram a me culpa. Meu pai começou a
beber quase todos os dias e minhas ficou deprimida, vendo coisa que não existe
e você se afastou. Eu fiquei sozinha, o que ia ser de mim depois de tudo isso?
- Eu não me afastei, você que fez
eu me afastar de você. Eu pensei que ia te fazer bem se eu ficasse longe –
Matheus falou fazendo carinho no cabelo de Jessica.
- Eu tava, que dizer eu to
machucada. Meu chão caiu e ninguém me segurou, agora eu não consigo mais sair
desse buraco em que me enfiaram – Jessica falou olhando para o teto com
lagrimas nos olhos e dor no coração.
- Eu posso não ter te segurado,
mais eu vou te tirar daí – Matheus falou olhando bem para o rosto da menina.
- Como? – Jessica perguntou
levantando e enxugando as lagrimas que ainda lhe restavam no rosto.
- A gente vai fugir, fugir pra
longe de tudo e todos. Vamo criar uma vida nova? – Matheus perguntou olhando no
fundo dos olhos de Jessica.
- Você ta dizendo, abandonar tudo?
– ela falou olhando incrédula pra ele.
- Por que não? A gente pode ir pra
qualquer parte do mundo, é só você aceitar – ele falou com um sorriso esperto
no rosto.
- O que você ia dizer pro seus
pais? – ela perguntou, começando a gosta daquela idéia louca e completamente
absurda.
- Que a gente vai rodar o mundo,
vem? Por favor!
- Vai ser só nós dois?
- Eu, você e o mundo. Que tal?
- Eu aceito – depois de muito
tempo, finalmente Jessica deu um sorriso. Um pequeno sorriso, mais verdadeiro.
Matheus sorriu pra ela e a
abraçou. Naquele momento ela soube que aquele abraço seria o primeiro de
muitos. Naquele momento ela soube que aquele seria seu porto seguro.
Eles viajaram como tinham
combinado. Foram para Austrália, Índia, Canadá, Brasil, Roma, Rússia, França e
Japão. Depois de muito viajarem, compraram uma casa nos EUA, onde lá decidiram
ficar.
Lá estava mais uma vez Jessica
deitada sobre Matheus. Ele fazendo carinho em seus cabelos e ela brincando em
seu peitoral. Já haviam se passado dez anos de tudo aquilo. Jessica agora com
27 anos, podia se dizer que finalmente havia encontrado a felicidade. Descobriu
que seu pai havia parado de beber, sua mãe havia se recuperado da depressão e
eles dois haviam arrumado a vida deles novamente. Se comunicavam com a filha
quase todos os dias. Os pais de Matheus, como sempre os apoiaram bastante. A
vida das cinzas novamente se transformou em fogo. Um fogo que ainda iria arder
por anos e anos.
- Eu falei que tudo ia da certo –
Matheus falou de olhos fechado, acariciando os cabelos da namorada.
- É você disse, era pra ter
acreditado em você mais cedo – Jessica falava com um pouco de arrependimento na
voz.
- As vezes eu me pergunto o que ia
ser de mim se eu não tivesse chegado a tempo na sua casa a dez anos atrás. Não
sei o que ia fazer da minha vida – Matheus falava triste, pois sabia que
relembrar aquele tempo ainda era duro para Jessica.
- Psiiu! – ela falou colocando o
dedo indicador na boca de Matheu – Você chegou a tempo de me impedir de fazer
besteira. Hoje a gente ta feliz. Vamos esquecer o passado e focar no futuro.
Quando Jessica terminou de falar
Matheus selou seus lábios no dela. Um beijo calmo, doce, sem pressa.
E assim eles viveram por muito
tempo. Felizes, juntos e fugindo da tristeza.
Hey meus bombons. Tudo bem?
Eu falei que só postava agora ano que vem, mais ontem eu tava sem nada pra fazer e me deu vontade de escrever um textinho. Só que esse textinho acabou se transformando em uma mine fic. Cometem e me digam se ta bom, eu preciso realmente saber.
Agora, a fic mesmo, Inexplicable Love, só ano que vem.
Feliz ano novo e obrigada por me aguentarem o ano inteiro. Me digam realmente se gostaram ou não.
Beijos com Glitter xoxo**
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